Aquele ruído obscuro de gagueira
Que à noite, em sonhos mórbidos, me acorda,
Vinha da vibracão bruta da corda
Mais recôndita da alma brasileira!
Aturdia-me a tétrica miragem
De que, naquele instante, no amazonas,
Fedia, entregue a vísceras glutonas,
A carcaca esquecida de um selvagem.
A civilizacão entrou na taba
Em que ele estava. o gênio de colombo
Manchou de opróbrios a alma do mazombo,
Cuspiu na cova do morubixaba!
E o índio, por fim, adstrito à étnica escória,
Recebeu, tendo o horror no rosto impresso,
Esse achincalhamento do progresso
Que o anulava na crítica da história!
(...)
Mas, diante a xantocróide raca loura,
Jazem caladas, todas as inúbias,
E agora, sem difíceis nuancas dúbias,
Com uma clarividência aterradora,
Em vez da prisca tribo e indiana tropa
A gente deste século, espantada,
Vê somente a caveira abandonada
De uma raca esmagada pela europa!
(...)